Dom José Cardoso Sobrinho, arcebispo de Olinda e Recife, excomungou a mãe da menina de 9 anos que foi estuprada pelo padrasto, vindo a ficar grávida de gêmeos e a equipe médica também. Segundo parecer médico, a jovem grávida – uma criança – não suportaria a gravidez ou morreria em trabalho de parto. Para resguardar a vida de sua filha, a mãe autorizou os médicos a fazerem o aborto.
No Artigo 128 do Código Penal encontramos o seguinte: “não se pune o aborto praticado por médico: II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal”. Portanto, em casos especiais o aborto é permitido para preservar a vida da gestante em perigo. Portanto não houve crime.
Do alto do seu fanatismo e de sua arrogância, provavelmente se julgando inspirado por Deus – tivemos o desprazer de ouvir isto deste “religioso” insano – disse que o abuso sexual a esta criança de 9 anos foi um pecado menos relevante que o aborto. Não posso levar a sério a atitude deste, lunático, irresponsável e que ainda conta com o apoio do Vaticano. Em certos momentos eu até penso que tudo isso não passou de uma brincadeira de mau gosto, ou que é alguma cena da novela das 8. Mas, infelizmente, é verdade.
Seria bem melhor que esse arcebispo decrépito e sua turma, se preocupassem mais com os casos de pedofilia, homossexualismo e alcoolismo praticado por padres que, de forma hipócrita, resolvem julgar, punir e mandar para o inferno em nome de um Deus punitivo – que só pode ser deles, porque o meu Deus é amor – todos que não comungam com os interesses da “sua” igreja. Quem ele pensa que é para excomungar um filho de Deus? Ele é representante de uma religião que do século XII ao XV foram responsáveis pela execução, na fogueira, de seis milhões de mulheres. São eles que se julgam como se fossem o próprio Deus?
Aproveito para parabenizar ao presidente Lula – gestor do país mais católico do mundo – que deixou a diplomacia de lado, e se manifestou publicamente contra esta excomunhão estulta.